Boas férias, na companhia de livros

«A felicidade, fique o leitor sabendo, tem muitos rostos. Viajar é, provavelmente, um deles», escreveu José Saramago em Viagem a Portugal. Nas primeiras décadas de vida, por razões da dificuldade financeira familiar e depois por circunstâncias da sua vida pessoal e profissional, José Saramago fez poucas viagens. Tinha mais de 45 quando, por primeira vez, cruzou as fronteiras de Portugal numa viagem até Paris.

Porém, a partir da década dos 70, quando começa a ganhar a vida com a escrita (e a tradução), o autor de A Bagagem do Viajante passa a deslocar-se com muita frequência dentro e fora do seu país, fazendo da viagem uma presença constante na sua vida e também na sua obra. Entre 1979 e 1980 o escritor percorreu Portugal de uma ponta a outra para escrever aquele que é o seu livro de viagem, o já citado Viagem a Portugal. Em 1986, escreveu A Jangada de Pedra, um romance em que põe toda a Península Ibérica a viajar em direcção ao Sul do mundo. Nos Cadernos de Lanzarote, diários que vão do ano de 1993 até 1998, o Prémio Nobel conta sobre muitas das viagens que fez pelo mundo. E no final da vida, publicou A Viagem do Elefante, que conta a épica viagem que o elefante faz Salomão faz de Lisboa até Viena, a patas, por capricho de um rei. “Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam”, diz a epígrafe desse livro.

Neste mês em que as viagens são tão frequentes, desejamos às leitoras e leitores desta revista boas férias, sempre na companhia de livros (que são, também, uma forma de viajar).